Terreiro beneficiado pela Lei Aldir Blanc em Barra do Choça realiza palestra educativa

Datas comemorativas

02/05/2022

Com o legado de paz, respeito, humildade, caridade e amor, o terreiro de Umbanda Raio de Luz realizou, neste último domingo (1º), o 1º seminário com tema "Umbanda e seus Fundamentos”, em Barra do Choça.

O terreiro foi um dos espaços culturais contemplados pela Lei Aldir Blanc, Lei Federal nº 14.017/2020, que prevê ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante a pandemia e que foi reconhecida pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.

A palestra, dirigida pela mãe de santo Talita Santos e a mãe menor Dulcimar Machado, teve o intuito de esclarecer sobre o funcionamento da religião e desmistificar preconceitos que a crença sofre na sociedade por conta da desinformação e intolerância.

O terreiro Raio de Luz tem mais de seis anos ativo em Barra do Choça e conta com cerca de 60 filhos ativos (termo utilizado para quem exerce a religião), além de inúmeros visitantes que frequentam o local. Ele é um dos 15 espaços culturais que foram contemplados pelo projeto conquistado pela Prefeitura Municipal, por meio do Departamento de Cultura.

Dulcimar Santos, uma das responsáveis pelo terreiro, explicou que o benefício da Lei Aldir Blanc contribuiu para o melhoramento estrutural do local que tem crescido bastante, além de auxiliar nas despesas corriqueiras. Segundo a mãe menor, o terreiro nunca havia recebido um investimento do setor público, nem tido a atenção e carinho que o Departamento de Cultura tem dado a eles.

Vinícius Gil, articulador do Departamento de Cultura, também esteve presente no seminário e informou que a Lei é uma demanda que os pertencentes da cultura lutaram para conquistar.

A Umbanda, palavra que pertence a região da Angola,  significa “a arte de curar”, é uma religião monoteísta, que tem um só Deus, e afro-brasileira, que incluiu elementos do catolicismo, espiritismo e candomblé, surgido no ano de 1908 e que se fundamentou em três conceitos: luz, caridade e amor.

Durante o bate papo, foram discutidas as dificuldades que a religião sofre na sociedade, a importância do respeito, amor, lealdade e tolerância das outras fé, o funcionamento das celebrações, o papel dos orixás e entidades de luz, a fé em Deus e os mitos e estereótipos negativos que a religião carrega, fruto da discriminação.

Houveram também relatos dos filhos da casa que tiveram suas vidas transformadas depois de conhecerem a Umbanda, além de responderem as dúvidas que surgiram durante o momento.

Talita Santos, mãe de santo e uma das fundadoras do Terreiro, falou sobre a seriedade e compromisso que a Casa tem com os seguidores. Lá, os trabalhos não são cobrados, porque, segundo Talita, quem realiza os desejos é Deus, de acordo com a fé de cada um. Para ela, as conquistas materiais do terreiro vieram por meio de seu próprio empenho e de voluntários da casa.

Conforme o que ela acredita: “a Umbanda não se trata apenas de desenvolver o lado espiritual, mas também o mental, com sabedoria e inteligência para lidar com os problemas da vida e saber como agir. Não resolvemos os problemas só com os trabalhos, mas com uma conversa, conselho, abraço e alguns puxões de orelha também”, ensinou a Yalorixá.

Vinícius Gil ainda acrescentou sobre a importância da Gestão olhar para esses espaços que, constantemente, são desvalorizados. “Para Barra do Choça, isso representa um apoio aos pertencentes do terreiro, pois significa uma conquista sobre o seu pertencimento à cultura e uma valorização social, já que eles são retirados da obscuridade que sofrem”, finalizou.

A Lei Aldir Blanc também beneficiou 107 trabalhadores da área de linguagens artísticas, que abrange música, artes visuais (artesanato, fotografia, escultura), audiovisual, dança, pintura, teatro, dentre outros trabalhos.

Por Ascom/PMBC